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terça-feira, 8 de agosto de 2023

Opinião JMJ Portugal



1. A Igreja Católica é uma organização criada pelo Império Romano para gerir e regular o Cristianismo no Mundo, subjugando-a politicamente. Os valores de Cristo extravasam muito, obviamente, essa organização. O Cristianismo que se propagou pelo Mediterrâneo e Norte de África, ou das heranças bizantinas e gregas, ou pelo Médio Oriente e na Pérsia, deixou-nos heranças distintas, incluindo nos seus cruzamentos com o islamismo, longe assim desta hierarquia organizativa rígida.
2. O atual Papa, como de certo modo João XXIII, tenta reformular a Igreja e centrá-la na sua mensagem inicial e na sua abertura aos tempos modernos, levando os jovens aos valores da tolerância e do respeito por todos e às novas agendas sociais. Um líder religioso, assim, merece o nosso respeito. Como o Bispo Tutu.
3. O Papa não é um Deus, nem tem dele nenhum Mandato. A Era Moderna tem sido clara sobre essa não legitimidade divina. É um Homem. Por isso mesmo, pela sua finitude e limitações humanas, as suais ideias e gestão delas são de dimensão enormes.
4. A gestão da ação religiosa da Igreja, depois de Paulo II, inclusive, ao perseguir movimentos religiosos cristãos católicos, seja na América Latina, seja na América do Norte, e em muitos outros locais, com profunda ligação e ação sociais nas zonas de pobreza, e secundarização da questão social, que vinha das democracias cristãs, abriu o campo à substituição da Igreja por movimentos evangélicos fundamentalistas, todos eles na base de fenómenos como os de Trump ou de Bolsonaro, e da generalidade do extremismo das direitas. Em Portugal não é diferente, só menor porque a ação social da Igreja, intensa, repousa no Estado Providência. A reação destes movimentos fundamentalistas ao atual Papa é disso evidente.
5. As Jornadas da Juventude demonstraram a capacidade da Igreja Católica se movimentar e mobilizar em termos internacionais. É, praticamente, a única organização religiosa com esta capacidade. Revelaram também a capacidade organizativa de D. Américo de Aguiar e do Estado português. Tornaram ainda evidente que o Cristianismo, seja na vertente romana, herdada pelo Norte de Portugal, seja na vinda pelo Sul, determinada por mais de cinco séculos de islamismo, é um elemento determinante da nossa matriz sócio-cultural. Isto não é um problema. É antes um enraizamento e um fator de esperança. E de mudança, das abordagens conservadoras, dogmáticas e fundamentalistas que venham das raízes negras da História.
6. Conclusão: JMJ foi um grande evento, seja para rejuvenescer este movimento de ideias que nos enraíza e liga à Igreja Católica, seja pela mobilização coletiva pelos valores que o Papa apresentou, seja pela capacidade de organização de Portugal e do civismo nacional.