Ainda na ressaca das eleições em Espanha, à margem dos jornais oficiais, falei com vários cidadãos sobre a sua opinião quanto aos resultados. São fundamentalmente eleitores de centro direita ou mesmo de extrema direita. Para uns ou outros, resulta uma opinião convergente, na sua leitura, os resultados constituíram uma tremenda derrota para o centro e extrema direita.
Não por mero acaso neste rescaldo, Isabel Ayuso, uma populista, a presidir com maioria absoluta a Comunidade de Madrid, mas com voz própria no interior do PP, apontava a Feijóo, com alguma delicadeza, o caminho para a sua substituição. Por sua vez Pedro Sanches despedia-se para férias anunciando regresso à política em Setembro. Significa que os resultados vão dar curso, a uns e outros, para complexas negociações sobretudo com duas comunidades autónomas, País Basco e Catalunha. A confirmar-se o cenário, creio que o PSOE tem mais probabilidades de vir a formar governo.
Por cá, de súbito, desapareceu como por encanto, a situação da investigação a Rui Rio como ex-Presidente do PSD, o que levou à mobilização de mais de uma centena de agentes da judiciaria que entraram em várias sedes do PSD e na própria residência do cidadão. O anúncio da operação mereceu várias coreografias entre as quais a dos tampões de Rui Rio a justificar a abertura da porta três horas depois. Em causa está a utilização indevida de fundos pagos pelos contribuintes, para apoio a deputados nas suas funções, desviados para financiar a actividade partidária. A comprovar-se o acto significará o desvio de vultuosíssimas verbas dada a dimensão do Grupo Parlamentar, o segundo maior da Assembleia.
Manter em permanência uma actividade política de Norte a Sul do País representa a instalação de um corpo de funcionários, trabalho pago junto da imprensa, almoços e jantares mais ou menos subsidiados, rendas de casa, carros e comunicações. Ou seja, muito dinheiro e sei do que falo. Espero que ao espalhafato da notícia e dos meios empregues se proceda rapidamente ao apuramento das responsabilidades se as houver.
De quando em vez, somos surpreendidos por noticias "pingadas " por um poder oculto, resguardado no aparelho da justiça, avidamente apropriadas pela imprensa, sem confirmação de inquérito e muito menos de acusação formada para com cidadãos ou empresas. É infelizmente pratica comum a exigir uma investigação séria, corajosa, quanto a este poder, de forma a tornar claro perante os portugueses, a quem servem tais actitudes indignas de um estado democrático em que a Justiça é um dos seus importantes pilares.
Por razões de saúde despeço-me do Algarve neste mês de Agosto, na procura de lugares mais frescos e com menor movimento. Estarei de volta em Setembro.
No último almoço tive o prezar de ouvir canto alentejano, por um grupo de comensais, cantado por gente da minha terra. Surpresa maior, residiu no facto das novas gerações presentes, cantarem em inglês. O País mudou muito de facto!