Pontes de concordância na discordância - Triplov INFO

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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Pontes de concordância na discordância




Sandra Fernandes
Equipa Cidadania Global e Desenvolvimento

Olá, 

no dia 25 de abril celebrou-se os 50 anos do início da vida democrática em Portugal. Dentro dos vários espaços em que vamos participando, e passado este meio século, surgem questões como: "será que estamos em condições de celebrar esta conquista?"; "como é que temos pessoas a pensar de forma tão diferente de nós?! «Eles não estão a ver bem as coisas!"; "o que nos espera o futuro?!". 


A fragilidade de uma Democracia não se encontra no facto de termos ideias diferentes, mas antes no facto de termos vindo a alimentar a sua polarização. Uma polarização que cria lados ("os bons" e "os maus") e que não gera pontes para diálogo e para entendimentos, mesmo apesar das discordâncias. Mas não será a Democracia o oposto disso? Não será ela um espaço plural e heterogéneo onde se criam condições para concordar não estando de acordo? Será que a Democracia não é um espaço que apenas funciona realmente porque discordamos e ainda assim conseguimos construir algo destinado ao bem coletivo a partir desse ponto de chegada? Ou será que Democracia é simplesmente o direito ao voto, ignorando o papel que a participação de cada pessoa tem na sua construção? O que estamos realmente a celebrar nestes 50 anos? A liberdade e possibilidade de participar ativamente numa sociedade? E a participar exatamente a partir do quê? Temos feito esse balanço individual e coletivamente?
 

Enquanto FGS, não temos dúvidas do nosso posicionamento e nem nos pretendemos neutrais neste diálogo.  Indignam-nos as desigualdades, as injustiças sociais e as narrativas geradoras dessas mesmas injustiças, bem como as situações geradoras de pobreza. Estamos focados/as no Bem Comum, de um posto vista não apenas antropocêntrico, mas integral e procuramos refletir e agir criticamente sobre as causas estruturais dessas injustiças sociais a nível local e global, a partir de processos educativos e de aprendizagem de caráter participativo.

Mas mesmo sem pretensões de neutralidade, procuramos colocar-nos em diálogo com outros atores. Os nossos anos de experiência têm-nos demonstrado que o caminho de resistência e de transformação que melhores resultados colhe é o que assenta no diálogo e em que se procura perceber como podemos concordar discordando. Aquele em que a participação das pessoas e coletivos é condição essencial (independentemente das faixas etárias, nível de instrução, contexto geográfico, social e económico...). Nas nossas práticas é comum juntarmos pessoas muito diversas, de diferentes âmbitos e até geografias, cujas perspetivas nem sempre se tocam, mas cujo enriquecimento é muito maior quando se cruzam. Faz então parte da natureza da FGS proporcionar espaços de discussão nos quais as pessoas se sintam seguras não só para expor, como também para desconstruir as suas ideias em conjunto, criando terreno para novas práticas de
Transformação e Justiça Social. Neste quadro, não temos dúvidas que a Educação constitui um elemento base de construção de Democracia, nomeadamente pela possibilidade de nos expor a estímulos de pensamento complexo e crítico e pelo potencial de construção de pontes de concordância na discordância.

"
Pontes de concordância na discordância" - a nossa experiência têm-nos vindo a demonstrar que é um caminho que vale a pena trilhar. Querem caminhar connosco?!

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Comunidade Sinergias ED e do Projeto Escolas Transformadoras para discutir a Extensão Crítica

No dia 11 de abril, a Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) reuniu a Comunidade Sinergias e o Projeto Escolas transformadoras para promover o diálogo nas comunidades e do Ensino Superior. 
 
Já está disponível um novo número da Revista Sinergias

O número 16 com o tema "Educação, Transformação Social e Cidadania Global: debates, caminhos e sentidos do político", agrega vários trabalhos, reflexões e práticas apresentados no III Encontro Internacional Sinergias para a Transformação Social, que decorreu em julho de 2023.
"Quero derramar em ti a minha taça vazia
Ser amado sem nada para dar.

Ser amado.
Ser."

P. José Maria Brito