Amílcar Cabral: 100 anos depois, a luta continua - Triplov INFO

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Amílcar Cabral: 100 anos depois, a luta continua

«Nenhuma força do mundo poderá evitar a libertação total do nosso povo e a conquista da independência nacional da nossa terra», afirmou Amílcar Cabral, cujo centenário do nascimento se assinala esta quinta-feira.
A Casa do Alentejo, em Lisboa, acolheu na tarde desta quarta-feira uma sessão evocativa do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, promovida pelo PCP e onde, para além do PAIGC e do PAICV, marcaram presença o MPLA e a FRELIMO, e representantes diplomáticos de Angola, Cabo-Verde, Moçambique, Timor-Leste, China e Cuba.
Aldonça Ramos, vice-presidente em Portugal do PAIGC, na intervenção inicial da sessão destacou a figura de Amílcar Cabral, assassinado a 20 de Janeiro de 1973 por agentes da ditadura fascista portuguesa, «cuja figura e obra ultrapassaram todas as fronteiras» e falou da actualidade do programa que então elaborou de «luta contra a pobreza, o tribalismo, pela saúde e a educação».
Por seu lado, Daniel Pina usou também da palavra para considerar Amílcar Cabral como o «maior filho da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde e pai da nacionalidade» destes dois países. Na sua intervenção, o primeiro-secretário em Portugal do PAICV abordou o que considerou ser, por um lado, o «programa menor» de Cabral, «que era a independência da Guiné-Bissau e de Cabo-Verde» e, por outro, o «programa maior, que era a libertação dos povos da fome, miséria, opressão e do atraso no desenvolvimento em relação a outros povos».
No encerramento da iniciativa, Paulo Raimundo destacou o facto de ter sido em Lisboa que Amílcar Cabral «tomou contacto directo com a luta do povo português e, num ambiente de enérgica actividade do movimento da oposição democrática, não só participa nas actividades do MUD e noutras frentes da luta antifascista, como ao mesmo tempo desenvolve uma intensa actividade cultural e política. Uma intensa actividade com outros estudantes originários das colónias, alguns dos quais, tal como ele, viriam a assumir grandes responsabilidades na criação e na direcção dos movimentos de libertação nacional das suas terras e com os seus povos».
O secretário-geral do PCP sublinhou ainda que «foi na luta e na intervenção pela libertação de todos os povos, dos povos das colónias e do povo português, que se foram tecendo laços de amizade e solidariedade entre o PCP e o PAIGC e mais tarde também com o PAICV», para concluir que «Cabral vive, em cada luta contra a injustiça, em cada luta contra a desigualdade, em cada luta pelos direitos e anseios dos povos».
A cultura também marcou presença na sessão, seja em música e canções, através das vozes das cantoras cabo-verdianas Nancy Vieira e Teté Alhinho e do cantor e músico angolano Semedo, seja em poesia e textos de Amílcar Cabral declamados pelo actor angolano Júlio Mesquita.
Comemorações continuam
Entretanto, a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril anunciou que vai evocar o centenário do nascimento do líder independentista africano com a reposição de «Amílcar Cabral, uma Exposição»,  e a publicação de dois livros, Cabral Ka Mori e O Mundo de Amílcar Cabral.
A exposição, na sua versão itinerante, pode ser visitada na Amadora, no Espaço Delfim Guimarães, a partir desta quinta-feira e até 30 de Outubro.
A apresentação de Cabral Ka Mori e de O Mundo de Amílcar
Cabral
 será no próximo sábado, no dia 14 de Setembro, às 16h30, em Lisboa, no Centro Cultural de Cabo VerdeCabral Ka Mori, da autoria de José Neves e Leonor Pires Martins, reflecte a exposição que esteve patente no Palácio Baldaya, guiando o leitor por 50 objectos reveladores de momentos e lugares da vida de Amílcar Cabral, enquanto O Mundo de Amílcar Cabral reúne estudos de especialistas e testemunhos de contemporâneos de Cabral, e será apresentado por Manuela Ribeiro Sanches e Raquel Ribeiro.