Antígona, imortalizada por Sófocles, foi ao longo de séculos protagonista de peças de teatro dramático, de Kleist a António Pedro, bem como uma inspiração artística e filosófica (Heidegger, Steiner, Žižek ou Kilomba). Carregada de metáforas e categorias, ela tem sido massacrada por ideias de "bem", "justiça", "emancipação", "utopia" ou "desejo". RE: Antígona é o oposto disso por não ser um desafio ao passado mas ao presente. Ou um reply a um passado feito de perguntas sem resposta, como uma troca de e-mails sem esperança de retorno. Um espetáculo que não procura produzir nada, mas que marca presença, satura e desconcerta. Quer isto dizer que RE: Antígona reage à alegoria ou à captura da figura de Antígona para proveito das atualizações, mas também responde a uma arte das "mensagens" e do "sobre", pedindo um tempinho para estar sem ser. RE: Antígona mata Antígona, de todas as formas que se lembrar, para lhe dar a morte a que nunca teve direito. |