Até hoje, e passaram três anos, a casa da minha vizinha continua sem rodapés. Pagou a um construtor para assumir o trabalho, mas ficou com uma casa igual à do poema de Vinicius de Moraes. O sonho era que o apartamento saísse do século passado e entrasse na era da modernidade. Ao usar o método antigo da palavra de honra, tramou-se. Não contou com dois pressupostos em desuso: o nosso nome vale mais do que o ouro e não faltam mãos para trabalhar. A casa lá está, uma espécie de obra de Santa Engrácia à espera da hombridade de um empreiteiro e sobretudo de trabalhadores que possam terminar o serviço. A vizinha vai disfarçando a ausência de acabamentos com cortinas mais compridas do que o desejado e já me confessou ter vergonha de convidar pessoas para jantar: o chão ficou desnivelado e faltam azulejos na cozinha. O dinheiro, que era vivo, está mais do que defunto na sua conta. Não é novidade, mas a tendência confirma-se: a construção civil continua a perder mão de obra no Luxemburgo e mais de metade das vagas em aberto correspondem a trabalhadores especializados. As casas continuarão sem rodapés e as paredes da cor de um dia de chuva. O verão parece ter acontecido há muito tempo, mas terminou há pouco mais de uma semana… Hoje começa um mês de outono novinho em folha e isto é tudo o que muda na Grande Região a partir de outubro. O Líbano continua a ferro a fogo. Há cerca de 40 residentes no Grão-Ducado a viver no país, mas não há informações sobre uma eventual operação de repatriamento, apesar da escalada do conflito na zona. Há mais para ler na edição online do Contacto. Siga-nos . Boas leituras! |