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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

NA GARAGEM: CARTA DE DEZEMBRO DE CARLOS J. PESSOA


CARTA DE DEZEMBRO DE CARLOS J. PESSOA
  

FELIZ NATALINHO, QUE É UM NATAL EM TORVELINHO!
 O que é que é fundamental fazer? Em Dezembro, véspera de Natal, novo ano e aiai, aiai?
Que escolhas? Que presentes e ausentes? O que vemos do futuro?
 
O mundo estará sempre em turbulência; faz parte da natureza das coisas. O vento continuará sempre a uivar pelas frestas das janelas. E o frio aperta no inverno.
 
Neste inverno do nosso descontentamento e do nosso Fausto, que espectáculo do caraças (!), há que encontrar em primeiro lugar as bases de trabalho, que Goethe nos dá, para o contentamento.
 
 Béque tu da basiques!
 
 Aprender a ler e a escrever, debruçar, isso (!) fazer bem o movimento de se debruçar, sobre os mitos antigos, sobre as lições bíblicas, as parábolas, os ensaios do Alberto Velho Nogueira!
 
Saber a etimologia das palavras chave para que elas, as palavras, abram as portas que interessam e fechem as portas, que não interessam.
 
Não tentar doutrinar o espectador; não lhe dar lições; convidá-lo para o conhecimento, com espectáculos. 
 
Espelhos de boa feição que permitam ver, ouvir, apalpar, comer, mergulhar e retornar à superfície.
 
Temos pois que ter a noção que não somos extraordinários e únicos, que vivemos tempos extraordinários e únicos; que mais importante que a nossa vaidade, é o serviço, porque outros tempos virão.
 
Termos a serenidade de nos sabermos transitórios e por isso responsáveis por transmitir o que nos foi legado: as malas de ferramentas, as visões e os sonhos.
 
Sabias que confusão é também fusão, fundir coisas opostas, contraditórias, que nos assustaram tanto tempo?
 
Porque os preconceitos dos outros se tornaram os nossos preconceitos; porque nunca temos paz nem certeza? E a cada dia surge mais uma merda que não estava prevista?
 
Sabias isso?
 
Sabias que da confusão pode nascer um líquido espesso, o mel da tua vida?
Ou o xarope de agave se tiveres problemas com a dieta?
 
Termos isso muito claro, da cabeça aos pés: que não temos medo do escuro, que é no escuro que vamos encontrar as chaves que perdemos; que precisamos de inventar novas palavras, que novas palavras anunciam vida nova.
 
Que a vida nova acontece na mudez , nesse instante flagrante em que dizemos sim, sim, sim...
 
Não vou ser medíocre, não me vou render à mediania, à convenção do "mais ou menos"; do "porreiro pá", do 54 e do 29; dessa superficialidade horrível dos seguidores dos "grandiosos outros", que são só espertalhões oportunista e sem espessura.
 
Eh pá, deixem-se de ganância, de se porém em bicos dos pés, de serem velhos , de não perceberem a diferença entre velho e antigo!
 
Vou seguir as nuvens como Fausto, vou comer a terra, beber as novas paisagens reveladas pela poluição, entretanto tornada habitual , com o seu quê; com o seu fascínio de ruínas!
 
O que não é nada ruim!
 
Vou pulular e ser fatia de fiambre: da civilização , da cultura, do território, do humano e do telemóvel.
 
Vou-me IAzar ( como o Yazalde, antigo avançado do Sporting), vou cazar, como um cazaque da estepe, a inteligência que de artificial me torna natural, mente outra, outro.
 
Outro, nos dias diferentes em velocidade catatónica, até à suspensão como partículas numa solução pedológica, estratificação do terreno, vertical!
 
Outro,  nos quilómetros, biliões, horizontais , tornados pés novos, pés grandes, calças gigantes, terras raras, rarefeitas , pim pam pum: oblíquas.
 
Tudo em forma de algodão doce, algoritmo doce, feira de infância , até bater na aldraba da porta da quinta: pum pum pum, onde moram os avós.
 
É preciso entrar na realidade virtual e revelar a realidade nevrótica dos dedos em chamas; da infecciosidade e da cura; é preciso complicar meu Deus, porque só a complicar , se simplifica!
 
Se percebe: "ah, então só isso, sim, só precisas de ajuda para a, b ou c!"
 
"O que há a fazer, toma atenção, é 1, 2, 3 ou 4!"
 
" E também 5 é 6. De 12 em 12 horas. Lembra-te!"
 
Virar o bico ao prego!
 
E tanto que há em 2,3, ou 4 , 12, 12, tanto, 7, 11, tanto! 
 
Complica, complica!
 
Que cada quilómetro demonstra a fractalidade, a semelhança, o padrão; a nova geometria; a expansão quântica, a realização contra intuitiva que me devolve a intuição.
 
Sim, complica , que somos mágicos, como Maradona! 
 
Fazemos feitiçaria como Aretha Franklin spelling, spelling, enfeitiçando com aquela ária: nêssune dóórmá !
 
Temos o dom de afectar o futuro, de acalmar as dores, de serenar o distúrbio psicológico, de proporcionar uma boa conversa e um colo para adormecer.
 
 
Vamos fazer festas nas vossas cabeças, tantas festas!
 
Para que façam festas, festinhas, cafoné, nas cabeças dos outros.
 
Vamos começar pelas vogais, atrevermo-nos pelas consoantes, dizer palavras abertas, fechadas, retorcidas, esquisitas, complicadíssimas!
 
 Grunhir!
 
Amolecer e pôr de parte o comodismo mais aquela coisa bururu, a palhaçada dos iluminati, a treta desconchavada.
 
Do coisinha que coisinha a coisinha e coiso.
 
Em vez de coiso, coito!
 
Ri-te! Pândega!
 
Vamos fechar as luzes para encontrar a razão, porque os holofotes cegam e ninguém vê.
 
Feliz Natalinho que é um Natal em torvelinho!
 
 

CINE-CONCERTO DE MULHERES DA BEIRA DE RINO LUPO COM A CANTANDEIRA

Na sexta-feira, dia 6 dezembro às 21h30, acolhemos a 8ª edição do Salão Piolho, o o cine-concerto de ´Mulheres da Beira de Rino Lupo com A Cantadeira`.

Entrada livre
M/6
1923 | Portugal | 83 min.


Com: José Soveral, Branca de Oliveira, Joaquim Almada, Sarah Cunha |Legendado em português
Cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
"Arouca. O trágico devaneio de Aninhas, uma jovem e bela camponesa que, por sonhos de riqueza e fascínio amoroso, repele o afeto de André, um rústico contemplativo. Enredada pela sedução do Fidalgo da Mó, é eventualmente desprezada…"
José de Matos-Cruz

Aninhas, filha de um moleiro, é enviada diariamente para vender pão em Arouca, uma pequena vila. No caminho, ignora o amor do pastor André e, ao chegar à vila, encanta-se com o luxo e a sofisticação dos fidalgos. Em uma dessas viagens, Aninhas é seduzida pelo Fidalgo da Mó e foge com ele para o Porto, onde experimenta o esplendor da cidade. No entanto, o fidalgo rapidamente a abandona por outra amante, Clara d'Orsay.

Sobre A Cantadeira…
Joana Negrão, conhecida por sua ligação à música de tradição oral portuguesa, desde os Dazkarieh aos Seiva, traz à vida o espetáculo "A Cantadeira". Inspirada pelas vozes das mulheres de antigamente e de hoje, Joana apresenta uma performance a solo, onde a voz é o fio condutor. Através de camadas de vozes sobrepostas e gravadas ao vivo, A Cantadeira envolve o público em paisagens sonoras que combinam o passado e o presente.

DONA PURA E OS CAMARADAS DE ABRIL

Este mês acolhemos também, no Teatro Taborda, a companhia Saaraci Coletivo Teatral, com o espetáculo 'Dona Pura e os Camaradas de Abril'. Dias 14 e 15, sábado às 21h e domingo às 16h30.

25 de abril - um vetusto regime ditatorial é derrubado, entre muitas flores e poucos tiros. Um homem vagueia pelas ruas de uma Lisboa que mal conhece, na busca inglória da efervescência da revolução. Um grupo de amigos comemora o 25 de abril no dia 25 de setembro. O anfitrião, Natal, reconstrói, criativamente, os acontecimentos, de forma a enfatizar o seu próprio envolvimento na revolução. Um grupo de estudantes africanos trava uma gloriosa luta para manter a ocupação da Casa de Macau. Sob a sombra do poder colonial, a menina Purificação é raptada por um poderoso da terra, despojada de seus laços e seu passado, submetida aos desejos de um "reizinho" - o administrador do concelho, simultaneamente presidente da câmara, juiz municipal, chefe da polícia e o que mais quiser ser.
No palco os eventos sucedem-se violando a cronologia sequencial, qual peças de puzzles de memórias paralelas, em distintos horizontes temporais, que se convergem em torno de cravos e liberdade.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Texto: Original Germano Almeida
Dramaturgia: Caplan Neves
Encenação, Espaço Cénico e Direção Artística: João Branco
Interpretação: Pedro Lamares, Matísia Rocha, Manuel Estevão e Sócrates Napoleão
Direção Musical: Sócrates Napoleão
Direção de Movimento e Figurinos: Janaina Alves
Música Original: Miss Universo
Efeitos Sonoros: José Prata
Cenografista: Manuel Estevão
Desenho de Luz: César Fortes
Design Gráfico: Nuno Miranda e João Branco
Fotografia de Cena: Pedro Sardinha (FITEI)

Apoio à Residência de Escrita: Associação Caboverdiana de Lisboa
Apoio à Residência de Criação: CRL Central Eléctrica, Armazém22
Apoio à Criação de Figurinos e Cenografia:  Teatro do Noroeste / CDV
Produção: Saaraci Coletivo Teatral
Produção, difusão e promoção: Companhia Nacional de Espetáculos
Apoio: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e
Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril

 
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