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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

ERRATA - Katachi

Queridos amigos,

Há alguns anos conheci, através de um caro amigo no Japão. a brilhante coreógrafa japonesa Hanako Atake, que vive e trabalha em Tóquio. Ela viveu e trabalhou durante anos em Londres e na Holanda. Nunca nos encontramos pessoalmente, ainda. Conheci o seu trabalho pelos vídeos que me enviou, pela sua brilhante trajetória e pelas ideias que dela percebia.

Há algum tempo decidimos criar algo juntos, mas - como sempre faço, e também John Cage ou Merce Cunningham o faziam - tudo acontece de forma totalmente independente, seguindo o pensamento do dramaturgo francês Antonin Artaud: uma obra jamais deve ilustrar outra. Quando juntamos duas obras independentes, o resultado é sempre muito interessante.

Essa postura, para além de sempre ter estado presente nos meus trabalhos, mesmo muito antes de conhecer o John Cage, também reflete uma forte posição filosófica: cada um de nós é um fabuloso universo.

Este trabalho é sobre dois elementos fundamentais, tão relevantes e tão presentes nos nossos dias: identidade e liberdade.

Como quase sempre acontece nos meus projetos, trata--se de uma obra multidimensional - temos (do meu lado) a música; um texto de natureza reflexiva (Labirinto de Espelhos); um texto experimental (de 1994); um filme com parte do concerto e cerca de 1250 anos de pintura japonesa; e um pequeno filme em realidade virtual. Tudo isso está disponível gratuitamente no site do projeto ( http://www.asa-art.com/katachi) - assim como um link para os trabalhos de Hanako Atake e para duas obras do Teatro No, que são referências centrais do projeto.

Se, eventualmente, alguém tiver dificuldade de baixar os textos, posso enviar por email. Por favor, digam.

Para além da identidade e da liberdade, há outro elemento central neste projeto, como acontece em muitos outros dos meus trabalhos: o tempo. Katachi é de natureza contemplativa, profundamente reflexiva. Então, aqui temos a articulação dos números 2 e 3 - e há uma atenta descrição disso no texto.

Trata-se de um momento de livre pensar - particularmente caro àqueles, como nós, que amam a arte, a ciência, a dança, a arquitetura, os livros, o cinema, a cultura... num mundo cada vez mais voltado para a ausência do pensamento, para a burocracia em todas as suas vertentes, até mesmo mentais, para o tempo breve em curtos filmes e músicas para telefones portáteis, um momento histórico de eliminação da memória, dos discos, cds, livros, dos DVDs tornando tudo efêmero, plástico, nuvem, sem a dimensão humana.

Reitero aqui os meus agradecimentos à Hanako Atake, a quem o projeto é dedicado e a cujo trabalho muito admiro. Katachi é feito em memória de dois muito queridos amigos: Takehisa Kosugi e Katsuhiro Yamaguchi.

Espero que gostem.

Tudo de bom a todos,



Emanuel