As ciências sociais, a fé e as "coisas visíveis"
Na sua Introdução ao Cristianismo, publicada em 1967 quando era professor em Tubingen, o então sacerdote Joseph Ratzinger detém-se, num dos primeiros capítulos, na apresentação do binómio ciência e fé, sublinhando: "fica claro que existem duas formas fundamentais de comportamento em relação à realidade, sendo que nenhuma das duas pode ser reduzida à outra, porque se situam em planos completamente diferentes". E se o "método científico implica a facticidade observada na experiência repetível", comprovável, pelo contrário "a fé cristã significa (…) assumir a opção de que o invisível é mais real do que o visível". Com esta clareza, senti-me em casa. Ao longo da minha vida pessoal e profissional, fui vivendo esse contraste e complementaridade entre o mundo das coisas invisíveis que nos põem no encontro de Deus e o das coisas visíveis de que a ciência se ocupa. Sem qualquer desconforto ou angústia.
Ratzinger privilegia, naquela Introdução, as referências à Filosofia e, em certa medida, à História (a história da Igreja e do cristianismo – claro). Mas também à Matemática, à Física, à Biologia – esses ramos científicos que procuram descobrir o logos do universo e da vida, tanto a um nível infinitamente macro como micro – são referentes constantes da reflexão do teólogo sobre a natureza da fé. Podemos juntar-lhes ainda a tecnologia e o seu modo de utilizar o mundo. A introdução a todos estes temas constituem, do meu ponto de vista, um elemento-chave na formação de católicos e, em particular, dos padres e religiosos/religiosas, responsáveis privilegiados da ação pastoral.
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