| O nosso mundo está velho e atrás da linha do horizonte espreita um futuro previsível de catástrofe e apocalipse. Que tipo de resistência pode o corpo oferecer contra esta realidade turbulenta? O que pode a dança diante da aguda consciência da extinção? Em Esta Hora de Espanto, a nova criação em tom de "coreodrama" de Né Barros, inspirada numa ficção escrita por Tiago Mesquita Carvalho, retomam-se algumas noções já experimentadas em Lastro (2015). Partindo das ideias de medo, imprevisibilidade, perigo e radicalidade das catástrofes, sejam elas interiores ou exteriores, a coreógrafa reflete sobre o corpo na paisagem e como paisagem, questionando os seus limites. Em 2017, ainda a propósito de Lastro, apresentado no Mosteiro de São Bento da Vitória, Né Barros escrevia: "Como num sem-saída, não se progride, a coreografia é uma marcha num continuum infinito, não levará a lado algum." Alguns anos depois, o que mudou? Chegou a hora do espanto. |