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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Queima do Alcorão azeda relações do Islão com a Suécia

 | 22 Jan 2023

Rasmus Paludan a queimar o Corão em 2019, sob proteção policial. Foto © Funkmonk / Wikimedia Commons

Rasmus Paludan a queimar o Corão em 2019, sob proteção policial. Foto © Funkmonk / Wikimedia Commons

 

A Turquia cancelou este domingo, dia 22 de janeiro, a visita do ministro sueco da Defesa àquele país, como resposta à permissão dada pelas autoridades nórdicas à queima de uma cópia do Alcorão junto à embaixada da Turquia em Estocolmo por Rasmus Paludan, líder do partido de extrema-direita dinamarquês Stram Kurs (Linha Dura). O ato decorreu no sábado e Paludan, que durante uma hora discursou contra a imigração islâmica, gozou de proteção policial para o levar a cabo.

Muitos países muçulmanos mostraram-se igualmente indignados com a queima do Alcorão em Estocolmo, tendo Marrocos manifestado a sua “surpresa” com o facto de as autoridades terem permitido que isso ocorresse “diante das forças de ordem suecas”. A Indonésia, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos também condenaram o ato, assim como o Conselho de Cooperação do Golfo e a Organização de Cooperação Islâmica.

“Apesar de todos os nossos avisos, a autorização [para queimar uma cópia do Alcorão] foi infelizmente dada a essa pessoa. Ninguém pode classificar tal ato como um gesto de liberdade de expressão ou de pensamento”, disse Mevlut Cavusoglu, ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, quando comunicou aos jornalistas a decisão turca de cancelar a visita do ministro sueco da Defesa. Citado pelo Muslim News de dia 22 de janeiro, Cavusoglu acrescentou:

“Não permitem a queima de outro qualquer livro, mas quando se trata do Alcorão, o livro sagrado do Islão, [os suecos] acham que isso é um ato de liberdade de expressão e de pensamento”.

De acordo com a versão inglesa do jornal digital Alarabiya de 22 de janeiro, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, condenou o ato no Twitter:

“Quero expressar a minha solidariedade a todos os muçulmanos que estão ofendidos com o que aconteceu em Estocolmo hoje. A liberdade de expressão é uma parte fundamental da democracia. Mas o que é legal não é necessariamente apropriado. Queimar livros que são sagrados para muitos é um ato profundamente desrespeitoso”. No que foi secundado pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros: “As provocações islamofóbicas são terríveis. A Suécia garante uma ampla liberdade de expressão, mas isso não implica que o Governo sueco, ou eu próprio, apoie as opiniões expressas.”

A Turquia tem sido o obstáculo número um à entrada da Suécia e da Finlândia na NATO, candidatura que marcou a reversão de décadas de neutralidade dos países nórdicos e foi formulada depois da invasão russa da Ucrânia. Embora aqueles dois países tenham obtido a aprovação de 28 membros da NATO faltam os ‘sim’ da Hungria e a Turquia.

Na sua edição de 21 de janeiro, The Guardian lembrava que “em novembro, o presidente da Hungria, Viktor Orbán, disse que o seu Parlamento ratificaria no início de 2023 a adesão da Suécia e a Finlândia à NATO”, mas “a Turquia ainda não se comprometeu definitivamente [com o ‘sim’], exigindo a extradição de pessoas na Suécia que afirma terem ligações ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – designado como ‘grupo terrorista’ pela Turquia, pela UE e pelos EUA –, ou ao clérigo Fethullah Gülen”.