D. Rui Valério deixa saudação aos jovens e dirige-se às vítimas de abusos, assumindo política de «tolerância zero»
Foto Patriarcado de Lisboa, D. Rui ValérioLisboa, 10 ago 2023 (Ecclesia) – D. Rui Valério, novo patriarca de Lisboa, publicou hoje a primeira mensagem à diocese, destacando a herança deixada pela JMJ 2023, com referências especiais aos jovens e às vítimas de abusos na Igreja.
"Para os jovens e com os jovens, somos chamados a ser Igreja missionária e em saída, levando no coração o ardor de chegar a todos", refere, num texto enviado à Agência ECCLESIA.
O até agora bispo das Forças Armadas e de Segurança foi nomeado pelo Papa como sucessor de D. Manuel Clemente, patriarca desde 2013, quatro dias após o final da edição internacional da JMJ.
"Um dos modos mais pertinentes para manter viva a chama e a mística da Jornada Mundial da Juventude é não deslocar o foco dos jovens", sustenta D. Rui Valério.
Referindo-se à JMJ 2023, que se concluiu no domingo, com mais de milhão e meio de participantes, o patriarca eleito fala de Lisboa como "capital da juventude e cidade da esperança".
"Para sempre os teus dias serão Jornadas de encontro e a tua história de horizontes onde todos têm lugar", escreve, deixando votos de que a experiência do encontro mundial, presidido pelo Papa, dê "fruto abundante de humildade, de santidade e de serviço missionário que sonha chegar a todos".
O novo patriarca saúda os jovens e agradece pela "dádiva da alegria e do entusiasmo com que iluminaram de esperança o céu da humanidade".
"Agora sois os depositários de um dinamismo de vida e esperança que juntos iremos expandir para manter vivo", acrescenta.
A mensagem deixa ainda uma saudação particular aos "irmãos e irmãs vítimas de abusos por membros da Igreja".
"Partilho da vossa dor e, juntos, vamos prosseguir, com esperança, no caminho da cura total do vosso e nosso sofrimento, da tolerância zero", indica D. Rui Valério.
O novo patriarca assume a "grandiosa missão de servir a Igreja de Lisboa", que apresenta como uma "barca imensa repleta de vida, de serviço, de santidade e de história missionária".
"Aqui, em Lisboa, Deus falou e tocou o coração e a vida da nossa amada Igreja, na qual estão todos e todos dela fazem parte. Estamos convocados a escutar-nos reciprocamente, permanecendo e caminhando juntos, ao bom jeito de sinodalidade, para escutar a voz de Deus na Palavra que Ele dirigiu a cada um de nós", adianta.
O responsável refere que aceitou a nomeação para a nova missão "na mais estrita fidelidade ao Santo Padre e em espírito de obediência".
A mensagem evoca a história da Igreja Católica em Lisboa, "missionária e evangelizadora", convidando todos à "alegria no serviço".
D. Rui Valério saúda o seu antecessor, D. Manuel Clemente, e os bispos auxiliares do Patriarcado de Lisboa, D. Joaquim Mendes e D. Américo Aguiar, dirigindo-se aos membros do clero e institutos de Vida Consagrada.
O novo patriarca sublinha o papel dos leigos, em particular no processo sinodal em curso até 2024, por iniciativa do Papa Francisco.
"Na mudança de época que vivemos, pertence-vos a vós a determinante responsabilidade da Evangelização do mundo e da cultura nas suas mais variadas vertentes, e de configurar o rosto sinodal do Povo de Deus", aponta.
A mensagem recorda as autoridades civis e quem não pertence à comunidade católica, assumindo "disponibilidade para dialogar".
"Todos somos chamados a construir o bem e a servir a casa comum onde nos é dado coabitar pacífica e harmoniosamente", refere D. Rui Valério.
A tomada de posse do novo patriarca vai acontecer a 2 de setembro, pelas 11h00, na Sé Patriarcal, diante do Cabido; a entrada solene na diocese tem lugar no dia seguinte, domingo, às 16h00, no Mosteiro dos Jerónimos.
D. Rui Valério, de 58 anos, foi ordenado bispo a 25 de novembro de 2018 no Mosteiro dos Jerónimos, em cerimónia presidida por D. Manuel Clemente.
Na Conferência Episcopal Portuguesa, tem funções de delegado para as relações bispos/vida consagrada e é membro da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização.
OC
Lisboa: Primeira mensagem do novo patriarca à diocese sublinha herança da JMJ - Agência ECCLESIA