A tradicional Feira dos Santos de Cerdal, em Valença, está de regresso entre terça e quinta-feira, pela primeira vez na sua história, com a classificação de Património Cultural Imaterial nacional, concedida pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC).
O secular certame que atrai anualmente milhares de portugueses e galegos, é conhecido por "mãe de todas as feiras". Num espaço no coração da freguesia de Cerdal, com cerca de 400 tendas, vende-se um pouco de tudo: desde vestuário, loiça, calçado, a produtos do campo, gado ovino, caprino e bovino, maquinaria agrícola, brinquedos, doçaria, cestaria e móveis. Há tasquinhas de comes e bebes, diversões, corridas de garranos (cavalos) e animação com desgarradas ao som de concertinas.
A feira realiza-se entre 31 de outubro e 2 de novembro, mas a maior afluência de público acontece no feriado, Dia de Todos os Santos. No dia 2, cumpre-se a chamada "feira das trocas", que dá oportunidade aos clientes de trocarem artigos se o desejarem. Um fruto conhecido por "perico" (pêra pequena) costuma ser vendido no local e tornou-se o emblema daquele evento de outono.
A câmara de Valença aplaudiu esta segunda-feira, em comunicado, a inscrição da feira, que remonta ao século XVII, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
O autarca José Manuel Carpinteira, refere que "pelo seu legado histórico e pelo valor social, cultural e económico que tem para Valença e para toda a região transfronteiriça, esta feira merece o reconhecimento agora dado pela Direção Geral do Património Cultural".
"A Feira dos Santos de Cerdal é um símbolo das tradições, dos saberes, e da identidade local, sendo um motivo de orgulho para Valença, para Cerdal, e para os valencianos e cerdalenses, esta recente notícia da sua classificação enquanto Património Cultural Imaterial", afirma.
De acordo com comunicado daquela autarquia, citando a DGPC, o certame possui "raízes que se perdem no tempo, [mas] surge como manifestação já devidamente consolidada em meados do século XVIII, embora se possa apontar para uma génese mais recuada, relacionada com uma provisão do rei Filipe IV de Espanha em favor do Mosteiro de Ganfei, no século anterior".