Parece uma dança: dois passos à frente, um atrás, mais duas voltas e voltamos ao mesmo lugar. Faltam casas que os portugueses possam pagar (e não é só no Luxemburgo). Não acontece apenas nas grandes cidades, as rendas estão altas em toda a parte. Ano após ano, mais Visto Gold menos Visto Gold, e parece que não saímos do mesmo lugar.
O anterior Governo decidiu suspender as licenças de Alojamento Local (AL) e carregar nos impostos deste tipo de negócio. O novo Executivo deu um passo atrás e mais duas voltas revogando tudo: volta o AL, o arrendamento sazonal e a redução das taxas que estes proprietários pagam. Leio o programa e tudo me parece uma corrida de fundo: vai construir-se mais habitação acessível. Para quando? É agora que as pessoas estão sem teto... Até lá, vivem onde?
Ainda ontem lia no Threads alguém perguntar o que poderia fazer: não tinha dinheiro para comprar uma casa e o ordenado não chegava para pagar uma renda. Houve quem sugerisse que fosse morar no Parque de Campismo. Não, não era a gozar. Mas parece mesmo que "isto é gozar com quem trabalha".
Trabalhar não chega para garantir uma vida decente no Luxemburgo. Já o sabemos, mas ao ler a história triste de Rosa Freitas, que volta esta segunda-feira para Portugal após ter tentado a sua sorte no Grão-Ducado , faz-nos pensar como a ganância de uns será sempre o inferno de outros. Conta-nos Rosa que nos cafés e restaurantes de portugueses onde trabalhou foi "explorada, humilhada e enganada". Uma "vergonha" para a comunidade, assume.
Rosa está de volta, não sei se regressa por estrada. O caminho oposto fez a nossa chefe de redação Madalena Queirós. Pode ler tudo sobre esta viagem na crónica "A minha autoestrada Lisboa-Luxemburgo, que é também uma bela homenagem da jornalista ao pai da sua filha, Catarina.
"A minha casa é onde eu penduro o meu chapéu". Todos precisamos de uma. A canção de hoje é do rapper Gandim, com Ana Bacalhau, e chama-se "Rendas Altas".
Boas leituras!