Orlanda Amarílis, escritora que este ano cumpriria 100 anos, deixou uma obra extensa e revolucionária, feminista e decolonial, da qual decalcamos para o espetáculo sobretudo a personagem Maira da Luz, de "A Casa dos Mastros", transformada em inseto por uma dupla colonização pela sociedade e pelo poder colonial (citando livremente Bonnici). Diz Orlanda que "Maira da Luz tinha desaparecido sem deixar rastro". O teatro, na sua tarefa impossível, procura desenhar esse rasto de quem desapareceu, oferecendo leituras contemporâneas sobre os corpos de quem, ainda hoje, vive mergulhado numa invisibilidade imposta pelos outros. |