Olá, bom dia!
Desde que comecei a trabalhar profissionalmente como jornalista, há 38 anos, já escrevi inúmeras vezes sobre a saúde no Algarve. A maior parte das vezes, infelizmente, foi para falar dos problemas, mas muitas outras foi para realçar o muito de bom que se foi fazendo e ainda faz na saúde pública na região algarvia. Ao longo de quase quatro décadas de trabalho, atravessei tempos de governos do PS e do PSD, ambos com e sem maiorias, absolutas ou não, do PSD aliado ao CDS, do PS tendo o apoio do Bloco de Esquerda e/ou da CDU. Ou seja, governos para gostos políticos diferentes, com projetos diversos, promessas variadas. Com primeiros-ministros de personalidades e formas de atuação bem diferentes. Infelizmente (e é a segunda vez que hoje utilizo esta palavra), em vez de constatar melhorias no Serviço Nacional de Saúde (SNS) ao longo destes quase 40 anos, o que tenho visto são problemas, problemas, dificuldades, dificuldades. Até o PS, que já foi um partido de esquerda e que até foi o pai do SNS, tem, nos últimos anos (e já antes do Governo Costa), dado mostras de querer acabar com o SNS, invocando os custos da Saúde e abrindo as portas à sua galopante e desbragada privatização. Vem tudo isto a propósito da notícia que esta manhã vos trazemos, sobre o Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Não é boa, nem é má. É apenas mais uma constatação do estado comatoso em que o SNS está, na nossa região e no país. Por mim, que sou fã e utilizadora (felizmente poucas vezes, até agora) do SNS, gostaria que estas indefinições, estes problemas, estes cortes, estas experiências mal sucedidas, acabassem de vez. O Serviço Nacional de Saúde foi uma das conquistas mais importantes que os portugueses, todos os portugueses, alcançaram com a revolução de 25 de Abril de 1974. Que pena que, quase 50 anos depois, parece estar moribundo. A quem interessa isso? Esta manhã, na nossa edição alentejana, temos um artigo sobre a «profunda preocupação» que a Associação Portuguesa da Cortiça, que representa este importante setor da economia nacional, manifestou em comunicado por causa do previsto abate de mais 1800 sobreiros, em Sines, para dar lugar a um parque eólico da EDP. O Governo autorizou, mas a APCOR, que não é uma associação ambientalista mas uma associação de empresas e empresários, salienta que se trata de um erro imenso, que se junta a outros do mesmo tipo cometidos ao longo dos últimos anos. Leia aqui o que diz a APCOR. Já o disse aqui outras vezes, mas nunca é demais repeti-lo: Portugal é um país esquizofrénico, com dupla personalidade. Os mesmos que apregoam a defesa dos recursos endógenos e a sustentabilidade são os que, sob uma capa de esverdeamento, promovem as maiores atrocidades ambientais. Não sei, sequer, para que raio existe um ministro do Ambiente ou um Instituto dito de Conservação da Natureza e das Florestas quando o resultado é o que está à vista com mais este mega projeto. A energia eólica é sustentável? As centrais fotovoltaicas são sustentáveis? Serão. Mas não com estes impactos irreversíveis. Isto é apenas "green washing" de projetos que dão milhões a ganhar a meia dúzia. Já que falei de sobreiros e de quem os quer destruir em nome de um projeto pseudo verde, saiba que há também quem os queira defender. É o caso de quem promove, no Alentejo, mais uma formação sobre a saúde dessa árvore fantástica que tanto devíamos acarinhar. Leia tudo aqui. Mudando de assunto (ou nem por isso). Ontem de manhã, um barco carregado de turistas voltou-se dentro de um algar (uma gruta natural) na costa de Carvoeiro. Não houve vítimas, felizmente (também é a segunda vez que uso hoje esta palavra), mas podia ter havido. Foi um acidente, daquelas coisas que acontecem, dizem uns. E terá sido. Mas a rebaldaria que se vive na nossa costa, outrora bonita e tranquila, hoje a abarrotar de barcos e gente, está já a ter consequências negativas. Esperemos que, um dia, não haja consequências mais graves. Só que, como diz o velho ditado, tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia deixa lá a asa… A terminar, apenas um alerta para marcar na sua agenda uma ida a Vila do Bispo, entre 1 e 3 de Setembro. É que o percebe (ou perceve, como por lá se diz) será rei de um festival que tem muito mais para oferecer, seja ao nível dos petiscos da Costa Vicentina, seja na música ou nas artes e ofícios tradicionais. Tenha uma boa quinta-feira…até porque já falta pouco para o fim de semana… |