"A Rússia acredita que o mundo ficará cansado e permitirá que a Ucrânia seja brutalizada sem consequências. Mas pergunto-vos o seguinte: se abandonarmos os princípios fundamentais da Carta da ONU para apaziguar um agressor, algum estado-membro pode sentir-se confiante de que está protegido? Se permitirmos que a Ucrânia seja divida, alguma nação estará segura?", perguntou Biden no seu discurso perante a Assembleia Geral da ONU.
O líder norte-americano criticou a "agressão crua" da Rússia e pediu aos líderes mundiais para que defendam a soberania da Ucrânia, a fim de "dissuadir outros possíveis agressores amanhã".
Mas as referências à invasão russa da Ucrânia ocuparam apenas alguns breves minutos do discurso de cerca de meia hora de Biden, que preferiu tratar um largo leque de temas sobre os desafios climáticos, digitais e sociais que o mundo enfrenta.
A crise climática é "uma ameaça existencial (...) para toda a humanidade", avisou Biden, referindo as ondas de calor, os incêndios, as inundações e a seca que atingiram várias partes do globo nos últimos meses.
Biden prometeu também trabalhar com outros países, mesmo rivais, para conseguir que a Inteligência Artificial seja uma ferramente ao serviço da humanidade e não um risco para a humanidade.
O Presidente norte-americano disse que todos estes desafios são um problema global, que deve ser enfrentado com projetos comuns
"O nosso futuro está ligado ao vosso futuro", defendeu Biden, olhando para os altos responsáveis presentes na Assembleia Geral da ONU e pedindo mais cooperação entre os estados-membros, mesmo com aqueles que são rivais.
Relativamente à China, Biden disse que os Estados Unidos estão comprometidos em conseguir que a concorrência não se torne conflitualidade.
"Sobre a China, deixem-me ser claro. Tudo faremos para que a concorrência não degenere em conflito", prometeu o líder norte-americano, sublinhando os esforços comuns entre os EUA e a China na área climática.
Biden disse ainda que o seu Governo continua comprometido com o controlo de armas nucleares, criticando a Rússia e o Irão por não respeitarem acordos internacionais nesse sentido.
Biden reconheceu que os esforços comuns em várias áreas têm sido insuficientes para resolver vários conflitos em várias partes do planeta.
Por isso, o Presidente dos EUA pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a autorizar o envio para o Haiti de uma força internacional para ajudar as forças de segurança a lutar contra os gangues que ameaçam a estabilidade política daquele país.
"O povo do Haiti não pode esperar por muito mais tempo", garantiu Biden, que informou ter pedido ao Banco Mundial mais fundos para ajudar os países em desenvolvimento, em particular em África.
Biden admitiu que muita desta ajuda precisa de organizações reformadas e com mais eficácia de intervenção, num mundo multilateral do século XXI.
Assim, o líder norte-americano reconheceu que é necessário o início de "consultas sérias" para ampliar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, composto por apenas 15 membros, dos quais apenas cinco (incluindo os EUA) têm poder de veto.
"Precisamos de mais vozes, de mais perspetivas à mesa das negociações", disse Biden, apelando à ONU para continuar a lutar para garantir a paz e aliviar o sofrimento humano.
O Presidente dos EUA comprometeu-se ainda com a continuação na luta contra a corrupção e a defesa da democracia, que reconheceu estar sob ameaça em várias partes do mundo, anunciando que o seu Governo está a trabalhar com o G7 para angariar cerca de 600 mil milhões de euros para vários projetos de desenvolvimento junto da população mundial mais vulnerável.
RJP // APN
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