O secretário-geral da ONU frisou que "o direito do povo palestiniano a construir o seu próprio Estado independente tem de ser reconhecido por todos"
O secretário-geral das Nações Unidas considerou "inaceitável" a rejeição de Israel da solução dos dois Estados, defendendo que a ocupação israelita dos territórios palestinianos tem de acabar.
Num debate do Conselho de Segurança da ONU, António Guterres frisou que "o direito do povo palestiniano a construir o seu próprio Estado independente tem de ser reconhecido por todos" e que "qualquer recusa de aceitar a solução dos dois Estados por qualquer parte tem de ser firmemente rejeitada".
O primeiro-ministro israelita tem manifestado oposição públicaà solução dos dois estados num eventual cenário pós-guerra e garante que quer assumir o controlo total da Faixa de Gaza, apesar de já ter sido admoestado pelo presidente norte-americano, Joe Biden, e também pelo chefe da diplomacia europeia.
Guterres defendeu ainda que a negação ao povo palestiniano do direito à condição de Estado prolongaria indefinidamente um conflito que se tornou uma ameaça à paz e à segurança globais. "Isso exacerbaria a polarização e encorajaria os extremistas em todo o mundo", sublinhou.
ONU consegue levar combustível ao Hospital Al-Shifa
As agências das Nações Unidas continuam a ter de cumprir missões de alto risco para conseguirem levar ajuda aos palestinianos na Faixa de Gaza, perante o cerco israelita: na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde e outras organizações parceiras, como os Médicos Sem Fronteiras, levaram combustível ao Hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, onde centenas de milhares de pessoas permanecem sem ajuda.
Apesar dos atrasos nos postos de controlo israelitas e das estradas praticamente destruídas, a missão humanitária da ONU conseguiu fazer chegar cerca de 19 mil litros de combustível ao hospital, onde trabalham 120 profissionais de saúde e permanecem cerca de 300 doentes. São realizadas entre cinco a dez cirurgias por dia, a maioria devido a lesões traumáticas que requerem urgência.
A ofensiva israelita, segundo o Hamas, que não diferencia civis e combatentes, já matou 25.490 pessoas, a maioria mulheres e crianças, e feriu outras 63 mil.
Estima-se que 85% da população da Faixa de Gaza, de 2,3 milhões de pessoas, tenha sido obrigada a abandonar a sua casa. Um quarto dos que permanecem no território correm o risco de morrer à fome.