Marcello Musto defende que, ao contrário do que afirmam equivocadas interpretações liberais, Marx foi um crítico ferrenho do colonialismo.
Durante as últimas duas décadas, temos assistido a um ressurgimento do interesse pelo pensamento e pela obra de Karl Marx, autor de importantes obras filosóficas, históricas, políticas e econômicas –— e, claro, do Manifesto comunista, que é talvez o manifesto político mais popular do mundo. Este ressurgimento é resultado, em grande parte, das consequências devastadoras do neoliberalismo em todo o mundo. Isto é, níveis sem precedentes de desigualdade econômica, decadência social e descontentamento popular, bem como uma intensificação da degradação ambiental que aproxima o planeta cada vez mais de um precipício climático. Junta-se a isso a incapacidade das instituições formais da democracia liberal de resolver esta lista crescente de problemas sociais. Mas será que Marx ainda é relevante para o panorama socioeconômico e político que caracteriza o mundo capitalista de hoje? E o que dizer do argumento de que Marx era eurocêntrico e tinha pouco ou nada a contribuir sobre o colonialismo?
Marcello Musto, importante estudioso marxista e professor de sociologia na Universidade de York em Toronto, Canadá, tem participado desse ressurgimento do interesse por Marx. Musto afirma, numa entrevista exclusiva para a Truthout, que o autor do Manifesto ainda é muito relevante hoje, além de contestar a alegação de que ele era eurocêntrico. O professor argumenta que Marx foi, de fato, intensamente crítico do impacto do colonialismo.
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