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segunda-feira, 15 de abril de 2024

A saúde dos emigrantes

Paula Freitas Ferreira
Paula Freitas Ferreira
Editora

Quando regressei ao bairro onde tinha sempre morado, em Lisboa, depois de uma ausência de alguns meses, tentei a reinscrição no centro de saúde que ficava a uns poucos metros da minha nova morada. Durante mais de uma década, aquele tinha sido o meu centro: ali fui acompanhada na minha gravidez, ali o meu filho recebeu as suas primeiras vacinas.

Mas bastaram oito meses de ausência para que a unidade de saúde que ficava mesmo ao lado de minha casa decidisse que eu já não lhe pertencia. Em menos de um ano tinha ficado sem médico de família e era obrigada a ficar com uma das consultas que sobrassem (e raramente sobravam) de um centro de saúde a cinco quilómetros de onde morava. E o "meu" centro de saúde a dois passos de casa…

O que aconteceu é que nesse entretanto de meses, o centro de saúde passou a ser uma USF (Unidade de Saúde Familiar). As regras tinham mudado e eu era só mais um peão num qualquer xadrez político.

Peões parecem ser também os emigrantes a quem já foi dito que iriam perder a inscrição no centro de saúde em Portugal. Mas o anterior Governo suspendeu o decreto a dias de deixar de governar e o novo Executivo ainda não anunciou o que vai acontecer quando este período de suspensão acabar…

Parece o famoso caos português, mas o Luxemburgo não é o melhor exemplo: uma lacuna na lei permite que médicos suspensos noutro país trabalhem no Grão-Ducado. Não pode ser uma boa notícia.

Há, no entanto, notas positivas esta segunda-feira. Um grupo de portugueses vai juntar-se nas Portas de Brandeburgo, em Berlim, para gravar um flashmob a cantar "Grândola, Vila Morena", uma forma de assinalar os 50 anos do 25 de Abril de 1974.

O Contacto, numa iniciativa inédita, lança também uma edição especial sobre o meio século da revolução.

A revista, uma edição bilingue em português e francês, estará à venda nos principais quiosques do Luxemburgo a partir do próximo sábado.

Já cheira a cravos, por isso é dia de ouvir a canção da Liberdade.

Boas leituras!