Por uma nova morada, em Lisboa, para a companhia de teatro ARTISTAS UNIDOS Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República, Os abaixo-assinados, público da companhia de teatro, Artistas Unidos, e munícipes de Lisboa, vêm-lhe manifestar a sua inquietação por ainda não ter havido nenhuma informação sobre a nova morada para as "duas tábuas e uma paixão",- como, diz-se, Molière resumia a arte do Teatro – desta Companhia de Teatro lisboeta fundada em 1995, pelo saudoso Jorge Silva Melo. A nossa inquietação nasce do receio de deixarmos de poder continuar a ser espectadores desta companhia de teatro que nos acompanha há 29 anos e que, com a sua arte de vida que é o Teatro, nos ajuda a combater esta "fadiga da empatia" que alastra no nosso tempo, estimulando, com os seus espectáculos e a sua actividade artística, a nossa criatividade, o gosto de estar com o outro e, dessa forma, alimentando a nossa humanização. Não podemos perder mais uma Companhia de Teatro como nos aconteceu com o Teatro da Cornucópia ! Porque, como diz o Maestro Victorino D`Almeida (Diário Notícias 6/6/2024), " Se as pessoas começarem a ser drasticamente mais exigentes, os direitos acontecem. E a cultura é um direito." E nós, Público dos Artistas Unidos e conscientes dos nossos direitos e dos nossos deveres, enquanto munícipes de Lisboa, queremos exigir um espaço, em Lisboa, para que esta companhia de teatro possa construir o seu teatro, como o fez no Teatro da Politécnica, onde têm estado até agora, ou como já o tinha feito no Convento das Mónicas ou n`A Capital. Porque, como afirmou Eduardo Lourenço, " A experiência fundamental da Humanidade é imediatamente de ordem artística. A Arte interroga-nos, põe-nos em causa, diz-nos quem somos. Dá-nos uma emoção diferente de todas as outras emoções." E nós, Público dos Artistas Unidos, queremos continuar, intelectual e emocionalmente, a sermos interrogados pelos os seus espetáculos. Porque, como disse Jon Fosse, na sua mensagem para o Dia Mundial do Teatro deste ano, "A guerra e a arte são opostas, tal como a guerra e a paz são opostas – é tão simples quanto isto. Arte é paz." E nós, Público dos Artistas Unidos, queremos, com as suas peças que levam às tábuas do palco, ter mais lucidez para compreender a guerra e poder, activamente, lutar pela paz. Porque, por último, dando a voz a Jorge Silva Melo, a partir do livro de Maria João Madeira, Jorge Silva Melo Viver Amanhã como Hoje, que gostava de alertar que "Com a verdade me enganas" e que confessou que" Gostava de ser lembrado como alguém que, como os gatos, se passeou", e nos deixou esta interrogação/afirmação: "Não é isso o cinema (e o teatro)? Tornar límpido o sangue que vai nas almas?" E nós, Público dos Artistas Unidos, queremos, com ele e com todos os artistas dos Artistas Unidos, poder continuar a passearmo-nos pelo seu novo espaço e pelos seus espetáculos para ficarmos com uma alma mais enriquecida porque mais límpida. Lisboa, julho de 2024 Subscritora: Ana Vasconcelos |