Em novembro e dezembro a Cinemateca, em colaboração com a Festa do Cinema Francês, organiza a retrospetiva Chris Marker - A Memória das Imagens, que se pretende integral do cinema do autor. Cineasta, fotógrafo, viajante, escritor, Chris Marker (1921-2012) criou uma obra multifacetada que atravessou vários campos, sem se fixar. Desenvolvendo ao longo de seis décadas um cinema essencialmente documental, Marker é autor de um trabalho muito pessoal e de forte pendor ensaístico, que contribuiu decisivamente para a renovação do documentário e tem influenciado sucessivas gerações de criadores. Entre as dezenas de filmes e vídeos que realizou entre 1952 e 2011, encontramos, desde logo, Les Statues Meurent Aussi (1953) – que traduz uma frutuosa colaboração com Alain Resnais – e destaca-se também uma forte militância que política, materializada num cinema revolucionário que atravessou o globo ao longo das décadas de 1960 e 1970, que Marker concebeu individualmente ou no contexto dos vários coletivos que integrou. Vertente que culmina em Le Fond de l'air est rouge (1977), um fresco sobre os movimentos revolucionários da década que o precedem. Mas Marker é antes de mais um cineasta da montagem, em cujo universo se manifesta a importância do tempo e da memória na sua articulação com a História. Uma História assente na montagem de imagens e de sons, como revela o seu mais famoso filme, La Jetée (1962). É assim entre esta singularíssima ficção composta por imagens fotográficas, um conjunto de longas-metragens mais conhecidas, como Sans Soleil (1982) ou Level Five (1995), e uma miríade de filmes e vídeos menos vistos, que se desenha este Programa. |