O presidente da Câmara de Évora e vereadores de duas forças políticas criticaram a composição da direção da associação gestora da Capital Europeia da Cultura Évora2027, que deixou de fora os membros que conduziram a candidatura.
Em reunião de câmara, o presidente do município, Carlos Pinto de Sá (CDU), informou os vereadores sobre os mais recentes desenvolvimentos da Associação Évora2027 e aproveitou para lamentar a exclusão dos elementos da equipa de missão.
"Entendo que a equipa que garantiu a operacionalização da candidatura e teve uma quota-parte importante na vitória que tivemos na Capital Europeia da Cultura pudesse, naturalmente se tivesse vontade, transitar para a associação", afirmou.
Numa reunião da assembleia geral, referiu o autarca, foram propostos dois nomes pela presidente indigitada, Maria do Céu Ramos, e vários membros deste órgão, incluindo o próprio, consideraram que "não seria mau que pudessem aparecer outros".
"Relativamente a um dos diretores propostos, uma vez na equipa de missão havia uma pessoa que tinha assumido a direção de comunicação, procurei junto da presidente indigitada chegar a um consenso", o que não foi possível, adiantou.
Este desacordo, segundo o presidente do município, "levou a que na assembleia geral houvesse uma votação secreta" dos nomes propostos para diretores da Associação Évora2027.
O economista António Costa da Silva proposto pela presidente indigitada da associação para a direção Financeira foi aprovado com cinco votos a favor, dois contra e uma abstenção, precisou.
Já para diretor de Comunicação e Alcance, referiu Pinto de Sá, foram votados dois nomes, tendo vencido o do consultor Bruno Fraga Braz, que tinha sido apresentado pela presidente indigitada, com cinco votos contra dois do outro candidato e um em branco.
"Esta situação deixou-me preocupado porque não foi possível encontrar um consenso", admitiu o presidente da Câmara de Évora, assinalando que foi "a primeira vez que na comissão executiva e na assembleia geral" houve necessidade de recorrer a votação.
Considerando que a votação foi "perfeitamente legítima", o autarca alentejano insistiu que está preocupado porque "entende-se que a pessoa que dirigiu a comunicação na equipa de missão não serve para Évora2027".
"Fiquei com alguma preocupação que esta decisão da assembleia geral, sob proposta da presidente indigitada, possa criar problemas com a equipa de missão e com uma das pessoas que foi uma dos pilares da candidatura e do projeto", acrescentou.
Do lado da oposição, os vereadores eleitos pelo PS Lurdes Pratas Nico e João Ricardo apelaram a que se integrem os elementos da equipa de missão na direção da associação, por considerarem que se alcançará "melhor resultado".
Também a vereadora Florbela Fernandes, do Movimento Cuidar de Évora (MCE), lamentou que "não tenha havido a preocupação e o cuidado de se acautelar a manutenção na direção da associação de alguém da equipa que fez todo o processo".
Já o vereador do PSD Henrique Sim-Sim defendeu que a continuidade da equipa de missão deveria ter sido acautelada há mais tempo, considerando normal a presidente indigitada querer escolher a "equipa com que vai trabalhar por lhe dar condições de executar com sucesso" o projeto.
Na reunião de câmara, o presidente do município indicou ainda que a autarquia e o Ministério da Cultura estão a tentar acertar a data para a tomada de posse da presidente indigitada da Associação Évora2027.
Maria do Céu Ramos, jurista e atual secretária-geral da Fundação Eugénio de Almeida, será nomeada, em regime de comissão de serviço, através de despacho conjunto a emitir pelo Ministério da Cultura e pela Câmara de Évora.