A sair em ABRIL Livrinho de Teatro Nº 187 Nathalie Sarraute – Isma ou o que se chama nada O teatro original de uma das maiores escritoras do século XX: "Nas minhas peças, – diz Sarraute – não há acção, foi substituída pelo fluxo e refluxo das palavras". NATHALIE SARRAUTE, de seu nome verdadeiro Natalyia Tcherniak, nasceu em Ivanovo (perto de Moscovo), na Rússia, a 18 de Julho de 1900, numa família letrada da burguesia judia. Após o divórcio dos pais, a mãe leva-a para Paris, onde frequenta a primária. Irá partilhar a infância entre Paris e São Petersburgo. Tem uma educação cosmopolita, estuda inglês e história em Oxford, sociologia em Berlim e finalmente direito em Paris. Em1925, casa com Raymond Sarraute, colega de faculdade. Exerce a profissão de advogada até ser afastada dos tribunais em 1941, pelas leis nazis. Em 1932, escreveu o seu primeiro livro, a recolha de curtas narrativas que intitulou Tropismes, obra que veio a ser muito elogiada por Max Jacob e Jean-Paul Sartre, aquando da sua publicação, em 1939. Será Sartre quem, em 1947, irá prefaciar o seu Portrait d'un inconnu, lançando com ele a tese do "anti-romance". Mas é com a publicação de Martereau em 1953 que começa o seu reconhecimento, associado à prestigiosa Gallimard que será sempre a sua editora. En 1956, publica o ensaio A Era da Suspeita, texto fundamental na renovação que veio a ser operada no romance. E continua a publicar obras como Planétarium (1959), Entre la vie et la mort (1968), Vous les entendez (1972), Disent les imbéciles (1976), L'Usage de la parole (1980), Enfance (1983), Tu ne t'aimes pas (1989), Ici (1995), Ouvrez (1997). Em 1963, foi-lhe atribuído o Prix international de littérature pelo romance Les Fruits d´Or. E é neste ano, por insistência de uma rádio alemã, a Süddeutscher Rundfunk, que, Sarraute inicia a sua obra teatral com Le Silence, a que se segue Le Mensonge (1966), As duas peças inauguram, em 1967, o Petit Odéon, com direcção de Jean-Louis Barrault. Seguem-se Isma em 1970, C'est beau em 1975, Elle est là em 1980, e finalmente Pour un oui ou pour un non, em 1986. Morreu aos 99 anos quando escrevia um novo texto para teatro. Livrinho de Teatro Nº 188 Vladímir Maiakovski – O Percevejo Figura maior da avant-garde, para quem arte e política deviam andar sempre lado a lado, Maiakovski ficou mais conhecido pela sua poesia, mas o seu génio foi bem mais longe, também no teatro. VLADÍMIR MAIAKOVSKI nasceu a 19 de Julho de 1893. Conhecido como "o poeta da Revolução", foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, um dos maiores do século XX. Fortemente influenciado pelo movimento revolucionário russo, ingressou, aos quinze anos, na organização bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador da sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do cubo-futurismo russo. Entrou frequentemente em choque com os "burocratas" e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas. Foi um homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo. Oficialmente, suicidou-se com um tiro em 1930. Tal facto foi questionado, pois estaria a ser pressionado pelos programas oficiais que desejavam instaurar uma literatura simplista e realista, havendo perseguição a antigos poetas revolucionários. |