(Pinterest) O mundo acabou. E não foi com um estrondo, mas com um mix de gritos, alarmes de carros tocando, e notificações de celular. Entre tsunamis de dados, incêndios globais e algo que as últimas manchetes chamaram de "Nuvem de Espuma Radioativa" (talvez patrocinada pela Tesla), eu sobrevivi. Um milagre, poder-se-ia dizer. Porém, o mais provável seria acreditar que foi azar. Porque sobreviver ao apocalipse, descobri, é só mais um jeito de ser promovido a estagiário do sofrimento eterno. Obrigado por ler Escrevendo Para As Paredes! Subscreva gratuitamente para receber novos posts e apoiar o meu trabalho. Passei semanas vagando por desertos cinzentos, desviando de coisas fluorescentes e cruzando rios de lava, até avistar, no horizonte, algo promissor. Uma luz etérea, brilhando em cima de um pico altíssimo. Como bom sobrevivente, segui rumo à cintilação, carregando apenas uma mochila rasgada, um pouco de água contaminada e a esperança de encontrar algo além de solidão. Foram dias subindo a montanha. Gelo, avalanches, frio cortante e a sensação de que a gravidade era um pouco mais vingativa ali. Cada passo me aproximava do que eu tinha perdido: a fé. Talvez o que houvesse lá em cima fosse um anjo. Ou Deus. Sim, por que não aquele que viverá para todo o sempre? Qualquer coisa serviria. Só precisava de um sinal, algo para eu dizer: "Isso tudo não foi em vão". A subida me deu tempo para pensar - o que, no meu estado, era mais maldição do que bênção. Quem foi o gênio que apertou o botão vermelho? Um país? Um cientista louco? Um bilionário, depois de chegar na sua nave particular em Marte? Ou será que o mundo só se cansara de nós? Eu também estava farto de tudo: das regras, das cobranças. No fundo, a ideia de encontrar algo, ou alguém, no topo dessa elevação me dava mais medo do que esperança. E se eu chegasse lá e fosse obrigado a preencher um formulário? Por fim, depois de dias que pareciam meses, cheguei ao cume. A luz celeste me envolveu como um abraço e, por um instante, me senti limpo, leve. Quase esqueci das bolhas nos pés, do gelo que havia entrado nos ossos e da dor crônica no meu ombro que, com o mundo acabado, já não tinha nenhum plano de saúde para resolver. E então, vi. Sentado numa pedra. Um cigarro aceso na mão, embora fosse impossível acender qualquer coisa naquele vento gélido. Não era um anjo. Não era Deus. Era Keith Richards. Obrigado por ler Escrevendo Para As Paredes! Subscreva gratuitamente para receber novos posts e apoiar o meu trabalho. Escrevendo Para As Paredes é grátis hoje. Mas se gostou deste post, pode mostrar a Escrevendo Para As Paredes que a sua escrita é valiosa, comprometendo-se com uma futura subscrição. Não será cobrado a menos que habilitem os pagamentos.
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
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