"O que nasceu deste Fado em doze estrofes, que são uma música, um destino, fomos nós." É a este retrato compósito – que devemos às palavras de António Lobo Antunes e à encenação de Nuno Cardoso – que regressamos, depois da estreia em abril de 2024, assinalando os 50 anos da nossa Revolução. Voltamos à Última Ceia (e ao Bar Boîte Madrid e à madrugada seguinte) de cinco militares regressados da guerra em África dez anos antes. Nas dobras dos vários tempos que os engolem conta-se a história privada de um país. É "um retrato sem concessões, o 'photomaton'", como lhe chamou Dinis Machado logo no ano da publicação de Fado Alexandrino (1983). Definiu-o como felliniano, adjetivo que tão bem descreve a desmesura, o grotesco, a solidão e o lirismo a que um elenco em constante contracena dá corpo e voz. "Que dia do camandro, que pena ter aprendido a gozar a vida tão tarde." |