Maria José Ribeiro (n. 1936) tinha dois sacos cheios de panfletos para lançar na Praça da Liberdade, no Porto. Não era pessoa indicada para aquilo, uma vez que já fora presa. Sumida a rapariga incumbida de os levar para a primeira (e única) manifestação do Dia Internacional da Mulher do Estado Novo, 8 de Março de 1962, pensou: "Isto deu tanto trabalho. Isto tem de ser feito. Vou levar!"
Da primeira vez que fora presa, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) fizera "um processo sujo". Maria José casara-se havia 15 dias sem jamais discutir actividade política com o rapaz. "O seu casamento já foi", repetia o inspector que a interrogou várias vezes ao longo de três semanas. "Está com a vida estragada."