Maria José Ribeiro. Presa por liderar único protesto no Estado Novo em Dia da Mulher - Triplov INFO

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Maria José Ribeiro. Presa por liderar único protesto no Estado Novo em Dia da Mulher

Em Março de 1962, um grupo de mulheres atreveu-se a convocar uma manifestação no centro do Porto. Maria José Ribeiro foi presa. Este é o primeiro de uma série de sete textos sobre mulheres que ajudaram a fazer a diferença.

Maria José Ribeiro (n. 1936) tinha dois sacos cheios de panfletos para lançar na Praça da Liberdade, no Porto. Não era pessoa indicada para aquilo, uma vez que já fora presa. Sumida a rapariga incumbida de os levar para a primeira (e única) manifestação do Dia Internacional da Mulher do Estado Novo, 8 de Março de 1962, pensou: "Isto deu tanto trabalho. Isto tem de ser feito. Vou levar!"

Da primeira vez que fora presa, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) fizera "um processo sujo". Maria José casara-se havia 15 dias sem jamais discutir actividade política com o rapaz. "O seu casamento já foi", repetia o inspector que a interrogou várias vezes ao longo de três semanas. "Está com a vida estragada."

Tantas vezes assumira o papel de vigilante em reuniões secretas tidas pelo pai, Joaquim Ribeiro, militante do Partido Comunista Português (PCP). Em 1956, integrara um grupo de jovens próximo do PCP. Fizera parte da Comissão de Juventude de apoio ao general Humberto Delgado nas presidenciais de 1958 contra o candidato do regime, o almirante Américo Tomás.